segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Confidencias de Uma Árvore

Eu aqui parada neste mesmo lugar há muitos anos.
Vi tantas coisas que poucos poderão escutar minhas histórias.
Nasci aqui quando tudo ainda era lindo, tinha muita flor e muitas iguais a mim, uma em cada canto, o sol penetrava entre a gente e ia cortando a pureza natural formando lindos Oasis.
As pessoas se vestiam de uma forma mais conservada, os animais eram comuns por aqui.
Vi incontáveis rostos, muitas gerações de famílias passaram por mim.
Compartilhei momentos com quase todos, as pessoas liam livros, brigavam, discutiam relacionamento, dormiam, refletiam ... escutei todos os tipos de segredos.
Era lindo ver casais namorando escondidos a luz do luar com medo e adrenalina, ver o amanhecer ...
Ah, era tão bom!
Os pássaros acordavam cantando junto comigo, o vento me cortava leve, puro e frio em meio a paz.
Então aos poucos tudo foi sumindo, minhas irmãs aos poucos caíam, a temperatura ia ficando cada vez mais quente, as chuvas que antes molhavam a mim como em um romance, agora agridem com raiva do que as pessoas fizeram, os casais não namoram mais aqui, algumas pessoas se aproximam para escrever em mim, deixar cicatrizes que não sairão mais apenas para marcar seus nomes, homens dormem e acordam com ressaca, urinam em mim, quebram meus galhos estou ficando feia e a violência deles me mata mais que a idade.
Minhas folhas vão caindo e sei que dessa vez não nascerão outras, sei que logo não haverá mais nenhuma de nós e que então eles sentirão nossa falta, aí nossas raízes terão apodrecido e nossas folhas morrido para sempre ...
Será tarde, sempre foi tarde demais!